quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Caso da vara - Conto de Machado de Assis, reescrito




“O CASO DA VARA”, CONTO DE MACHADO DE ASSIS, REESCRITO

Jesuíno servia o exercito por vontade de seu pai, mas lá pela metade do ano de 1955 resolveu que não ficaria mais naquele lugar, sentia horror de obedecer às ordens dos coronéis e a solução era fugir imediatamente. Muito corajoso e decidido passou a mão em sua bagagem e saiu sem rumo, sem saber nem mesmo por onde andava, porque as ruas na madrugada escura e gelada eram desconhecidas para ele.
Já cansado de tanto andar parou para pensar que destino tomaria.  Para sua casa não poderia nem pensar e voltar, seu pai um homem muito severo além de castigá-lo o mandaria de volta para o exercito na mesma hora. Pensou por mais alguns instantes e lembrou-se do seu tio e padrinho Pedro Leão. Seu tio Pedro, foi à mesma pessoa que o levou até o trem para Jesuíno seguir para o exercito e sabia que Jesuíno resistia em servir o quartel, recordou da fala que teve a se despedir do seu Tio:
- Tio, sigo neste trem muito infeliz! O senhor sabe que não quero ir para o exercito!
- Coragem! Respondeu-lhe o tio Pedro Leão, o tempo passará depressa e logo estará de vota.
Jesuíno não teve outro jeito, entrou no trem e segui viagem ao destino lhe incumbido pelo pai.

Mas pouco depois a fuga foi consumada, agora assustado e sozinho, sem ninguém para aconselhá-lo se dirigiu para a casa do tio, única pessoa que poderia ajudá-lo.
E Jesuíno falou sozinho:
- Vou me apegar com madrinha sinhá Ana, a madrinha não vai se recusar em ajudar convencer o Padrinho aceitar que eu não volte mais para o exercito.
E assim fez.
Sinhá Ana, esposa de Jesuíno mulher de aparência muito atraente e chamava atenção dos donos das fazendas, e senhores dos engenhos e Jesuíno sabendo dos galanteios aproveitou-se da situação. E entrando na casa da madrinha Sinhá Ana quase a matou de susto.
 - Meu Jesus Cristinho será isso uma aparição? Gritou a madrinha com os olhos saltando do rosto, Jesuíno se recompondo do susto que também levou por motivo do grito de pavor da madrinha, ajoelhou se aos seus pés e implorou silêncio que lhe explicaria tudo. Jesuíno começa a falar já com tom de que não estaria brincando e a chantagem era expressa em todas as palavras, a Madrinha Ana entendeu o recado e percebeu que o afilhado não estava para brincadeiras e precisaria convencer o esposo Pedro Leão não entregar o afilhado de volta aos coronéis do exercito, porque naquele momento sua vida também estava em jogo. Tentou convencer Jesuíno a voltar para o exercito, que servir a Nação era um privilégio para os jovens daquela época, mas o afilhado não estava fim de receber conselhos de ninguém, sua decisão era não voltar nunca mais para aquele lugar.
 E interrompeu Sinhá Ana ordenando que convencesse seu padrinho a não falar nada para seus pais. Sinhá Ana não teve outra saída mandou chamar Pedro Leão e com voz tremula falou:
- Pedro nosso afilhado fugiu do quartel e está escondido na senzala, preciso que me ajude a mantê-lo aqui escondido dos coronéis que não tardarão procurá-lo por essas bandas.
Pedro retrucou que não poderia tomar tal atitude como ficaria diante dos compadres senhor José e dona Marieta?
- Ou você fique calado Pedro, ou junte suas coisas e vá se juntar aos escravos na senzala porque dentro de casa você não permanecerá mais.
Pedro Leão conhecendo bem a esposa e percebendo que Sinhá Ana não estava brincando e que quando ficasse brava até o diabo sentiria medo, o melhor seria concordar com seus planos.
 Os dias seguiram normalmente na fazenda Leão, os escravos trabalham em silêncio e Jesuíno sempre pela redondeza, não poderia aparecer muito porque de vez enquanto alguns soldados do exército passavam por aquela região a fim de dar uma vasculhada para ver se tinham alguma pista do fugitivo Jesuíno, mas ninguém sabia nada, nunca ouviram e nem viram nada.
Até que um dia Jesuíno se engraçou com a escrava Ritinha esposa de um escravo de confiança do senhor Pedro leão, Sinhá Ana estava por perto e viu tudo.
Chamou seu afilhado e falou:
A gora Jesuíno as coisas inverteram é você quem está na minha mão, ou você obedeça minhas ordens ou te mando de volta para o exército. Jesuíno percebendo que sua madrinha Sinhá Ana falava sério disse: saberei daqui por diante que suas atitudes dependem das minhas.
Os dias passaram e Jesuíno tornou-se muito amigo de uma escravinha de sua madrinha Sinhá Ana chamada Joaninha, que passava horas de converse como novo amigo. Certo dia, porém Sinhá Ana ordenou que sua escravinha Joana de mais ou menos 14 nos terminasse as tarefas lhes concedidas até o anoitecer, mas Joana se envolveu ouvindo as conversas alheias, brincando com os escravinhos menores, chegou a noite e nada de tarefas cumpridas. Foi então que Sinhá Ana enfurecida chamou por Jesuíno que lhes trouxesse uma vara com a qual riscaria a pele da escravinha, que chorando pediu proteção a Jesuíno, implorando a sua ajuda, dizendo que retornaria ao trabalho e que não pararia mais até terminar a tarefa designada para ela. Joana suplicava a proteção de Jesuíno, ela sabia que Sinhá Ana iria lhe arrancar sangue e seu destino seria também ser chicotado no tronco. Jesuíno fica em dúvida se ajudasse Joaninha seria entregue para o escravo esposo da escrava Ritinha e quem pararia no tronco seria ele. Jesuíno então ao ver o desespero da escravinha fez uma proposta para Sinhá Ana da-nos até 8 haras da noite se a escravinha Joaninha não terminar o trabalho para ela destinado até esse horário  entrego lhe duas varas uma para ela e outra para mim, seremos nos dois castigados  e chicoteados, enquanto Joaninha der conta dos afazer prepararei um chá que aprendi no exército para nos tomarmos sentados na varanda. Sinhá Ana aceitou o desafio, sabia que Joaninha apanharia de qualquer jeito, as tarefas eram difíceis de serem realizadas e levariam muito tempo.
Jesuíno carregava sempre consigo um frasco com calmante em gotinhas que quando estava deprimido e com insônia tomava e dormia profundamente.
 Enquanto Sinhá Ana espera para ver o trabalho de a escrava Joaninha ser terminado, Jesuíno foi para a cozinha preparou um chá de ervas, mas colocou no chá de Sinhá Ana algumas gotas do calmante que a fez dormir quase que instantaneamente.
Jesuíno percebendo o sono profundo de Sinhá, rapidamente foi até Joaninha onde os dois juntos num ritmo acelerado executavam as tarefas que estavam propostas a serem concluídas até as 8 horas da noite, claro que seria impossível para Joaninha concluir todos os afazeres a ela destinados até essa hora, e lá pela 1 h e 30 minutos da madrugada tudo pronto, limpinho e em ordem, Joaninha recolhe-se para seus aposentos. Jesuíno deitou se na rede da varanda e fingia dormir, mas fez alguns barulhos para acordar Sinhá Ana, que acordou assustada, passou a mão na vara que Jesuíno já teria buscado e deixado ao lado de Sinhá par uma possível surra em Joaninha, se deslocou rapidamente até a sala e ficou ali admirando tanta perfeição, tanto capricho largou avara e correu até Jesuíno ordenado que levantasse e fosse ver o impossível aconteceu, Janinha acabara todas as tarefas e Sinhá Ana estava muito satisfeita, sem olhar para o relógio ainda meia sonolenta se deslocou até seu quarto onde dormiu profundamente.
Amanheceu o dia e Jesuíno e a escrava Joaninha não podiam esconder o ar de felicidade e quase que num impulso Jesuíno gritou: Joaninha quer ser minha esposa? Sinhá Ana quase desfaleceu de susto, mas Joaninha rapidamente respondeu sim Jesuíno, se minha dona a Sinhá Ana conceder a minha mão a você aceita sim.  E Sinhá Ana não teve outro jeito, diante daqueles olhares de carinho e respeito viu que ali nascia um grande amor e permitiu que seu afilhado Jesuíno casasse com sua escravinha e assim se livraria de dois problemas de uma só vez: Casado Jesuíno não precisara mais retornar ao exercito, cumpriria se descoberto fosse, sua pena, ali mesmo na fazenda e se livraria da rebeldia e da desobediência da sua escrava Joaninha.
 O casamento foi marcado, os pais de Jesuíno compareceram a festa do casamento e se mostravam muito felizes, porque pensavam que Jesuíno tivesse desaparecido para sempre. Notava-se o brilho de felicidades nos olhos dos pais e familiares do noivo mesmo que esse casaria com uma escravinha que também é um ser humano, só de cor diferente, mas que merece o respeito dignidade como todos os outros cidadãos.

                                                                              Normal/2011

Um comentário:

  1. O conto foi a culminância do Projeto. Um texto que resultou de um trabalho cooperativo entre os alunos da turma.
    Nadir e Diana

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